quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Loucura sem Alma


Foto: Anita Anti 
 

Estou no manicómio.

As Palavras são pedras duras

unidas pela ternura

e pintadas com a cor da Loucura.

É o Sol que brilha.

Está tudo dourado.

Julgo estar no lugar errado.

 

Não sou louca.

Falo com seres imaginários.

Faço parte de um mundo encantado.

Apenas isso.

No quarto estou isolada.

Olho as paredes demasiado puras.

 

Anoiteceu.

A noite não é para ter sonhos.

Aviva a loucura

do fundo dos teus olhos

É hora de enfrentar os medos.

Usa a ponta dos dedos.

 

Escavo a minha sepultura

com a caneta de ternura,

procurando um sonho.

Um resto de mim.

Cheira a álcool.

Caio na vertigem de Palavras.

Ando em cima de limites não definidos.

 

Fico a baloiçar agarrada à corda de palavras repetidas.

São o eco da inconsciência.

Volta!

Há um beijo que se aproxima,

quando no fim do verso

há a rima.

Não posso voltar!

Morro quebrada pela cintura,

quando tento ordenar as palavras soltas

e domestico a criatura.

 

Emerge o Monstro Sagrado,

Um poema inacabado.

Fala de palavras não pronunciadas,

palavras caladas,

emergentes de mãos vazias.

Ecoarão na madrugada.

 

O poema existe para além do fim.

Não existimos.

Nem Alma possuímos.

Ficamos apenas com o beijo

dos lábios poéticos:

Papel frio de Liberdade.  

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