sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Quando te invento


As cortinas são negras noites.
É atras delas que solto a minha loucura.
As minhas Palavras são o avesso da alma.
Algo se avizinha.
Vejo da minha janela.
É um pássaro que trás a Liberdade
quando estou sozinha.
O relógio perdeu os ponteiros.

O Poema é a janela
que me permite olhar para dentro.
A minha pele é o papel ardente
e os teus dedos a tinta
que escorre docemente.
Cortas a boca pela metade.
Retiras-me o último suspiro.
Caio junto da palavra nua.
O meu coração fica leve.
Pousas a mão no meu rosto.
Todos os espelhos se partem.
Não vejo o reflexo da despedida. 

Amanha voltarei a dar-me a ti.
Fica o poema sempre inacabado.
É assim que te amo: quando te invento.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Queres sentir o ritmo do coração?

Bom dia a todos

       Tenho o prazer de informar que quem desejar adquirir a obra "Coração de Tinta" deverá clicar no link abaixo. Obterá igualmente informações sobre a obra e sobre a autora. 
        Basta um clique e a obra chegará a vossa casa. Desta forma poderão sentir o ritmo deste coração.
        Um abraço, Ana

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

As linhas com que me teço


As margens abrem os caminhos.

O poema corre pelos caminhos

trilhados em linhas paralelas.

Ganha alma esse corpo que desconheço.

Entre o meu corpo e a poesia

não há distância:

apenas um mar imenso de fantasia.

 

Tudo é fantasma.

Escapas-me por entre os dedos.

Estico as mãos.

Ficas longe do coração.

Não estás preso a imagens.

Não posso olhar-te.

És como o rio: foges sempre de mim.

 

Apenas queria ser a tua sombra.

Apenas queria ser a tua insónia.

Apenas queria mergulhar no teu peito

e como um pássaro selvagem,

com as minhas asas esquartejar

as lembranças e ser real.

Apenas queria sentir-te palpável

como aquilo que escrevo

nas linhas poéticas com que me teço. 

domingo, 17 de novembro de 2013

Para ser inteira


As noites de papel são brancas.

Vazias.

Estou só.

Os meus olhos morrem na folha

onde me invento

nas paisagens que crio

quando me sento.

 

Sou um pássaro caído.

Perco as asas

para os versos que suspiro.

Durmo, assim, num embalo

como se nunca tivesse acordado.

Vejo formas na minha parede.

Há gestos e vozes inexistentes.

As sombras dançam para mim.

Falam das Palavras que brotam em mim.

As lágrimas começam a escorrer

das nascentes voltadas para o Infinito.

É aí que te agarro sem te ter.

 

A porta está aberta.

Na sua soleira o Silêncio vira costas.

A Solidão acaricia a minha face.

Ecoam as Palavras.

Desperto.

 

Apenas tenho de estar sozinha

para ser inteira.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

A chuva que cai


Varreste as folhas de outono

da minha rua.

Senti uma ventania em mim.

Ouve-se o gemido

dos pássaros que estão a passar.

Sinto vontade de correr e voar.

 

Há negras águas

e a alma está leve e pura.

Rasgo águas ocultas.

Sinto que atravesso a porta da loucura.

Molho corpo no rio

que me prende na corrente

enquanto desliza como uma serpente.

Na pele escorrem os silêncios.

A chuva traz o teu sentir.

 

As palavras estão sem limites.

Nada as ampara.

Ardem nos meus olhos.

Tenho as mãos gastas.

As palavras não são pronunciadas.

 

Deito o meu corpo doente

na pedra quente

pois não estás.

A chuva reflete o meu corpo no Céu.

Fecho os olhos e adormeço.

Hoje não te falo de Saudade

mas da chuva que cai.

domingo, 10 de novembro de 2013

O meu "Coração de Tinta"

É com um grande orgulho que vos apresento a minha primeira obra de poesia lançada no dia 9 de Novembro de 2013. Uma obra editada pela Chiado Editora.
Chegará em breve às livrarias.
Abraço, Ana


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Não te posso agarrar


As estrelas estão frias.

A noite tem luar.

Abro os braços para versos tristes.

Canto-te pois existes.

O coração vibra nas linhas do papel.

Cada vez que piso a linha

renasces de novo.

 

És leve e completo.

Dá vontade de estar preso

Como alguém que não fez

o que está certo.

Tornámo-nos pássaros negros.

 

Cala-se a voz.

Fala-se com as mãos

Ou um simples olhar.

Varrem-se as folhas de outono.

Tudo floresce e começa o verão.

Há um calor brando

que incendeia parte da existência.

Tudo muda de lugar.

Sabemos o caminho para o Céu

mesmo que tenhamos de matar

para lá chegar.

 

És imortal na distância dos corpos.

Deixas no quarto (de nós)

as lembranças que desenhamos.

Não quero sonhar contigo.

Não quero ter lembranças tuas.

Não quero ter saudades tuas

pois, quando isso acontece

não te posso agarrar.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Morrerá um coração


 

A noite é um manto de estrelas.

Estou confortável

mesmo que não consiga respirar.

A Saudade está a meu lado

mesmo quando olho para ti na sombra,

Pensando que estás acordado

e não me vês porque estás ensonado.

 

Fecho as janelas.

Sou anónima.

Ninguém dá por mim.

Respiro com as Palavras.

Bebo a tinta que escorre delas

e que me embriaga o corpo.

Sinto-me a flutuar.

Entrelaço os dedos

à volta da minha pena (perpétua):

pegar na caneta e fazer dela

a minha arma para manter

a ferida aberta

para o sentir.

Esmago o coração até que deixe de bater.

 

Não faz mal que as minhas palavras

nasçam do esquecimento.

Tanto nasço

como morro.

Aceito a morte doce que a Palavra me concede.

 

A noite inclina o seu rosto

para beijar a minha melancolia.

Tudo cessa com o nascer do dia,

quando a última gota de tinta

cai no papel

e surge o ponto final.

 
 
Olho para ti, acordado do sono,

e deito-me a teu lado.

O coração de tinta morreu esta noite.

A teu lado volto à Terra.

Apenas amanha morrerei de novo,

Com um novo coração (de tinta).