quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Feliz Ano 2016


Não passaremos o ano 2016  a dormir. Espera-se que seja um ano em que seja possível continuar a sonhar, mantendo-se sempre a harmonia e a paz.  Ao logo deste ano o que nos ligou foi o verso e os grandes momentos; alguns vieram e fugiram (mas não corro atrás); aos que não gostam da minha pessoa por algum motivo mas estão comigo na mesma, dou-vos a forma de concretizarem o vosso desejo: tecla delete. Gosto de pessoas felizes.
Desejos para 2016? Que corra tudo pelo melhor e que esteja por cá para escrever umas coisas poeticamente aceitáveis e que sejam inspiradoras para os leitores. Sem vocês nada disto seria possivel. Agradeço do fundo do coração o carinho e atenção. Espero que todos consigam alcançar os seus objetivos. Acima de tudo pensamento positivo. Inspirem-se!
Feliz Ano Novo!
Um abraço e até para o ano

sábado, 26 de dezembro de 2015

Madrugada


 
Foto: Marta Bevacqua
 
Há dias de cinza

em que nos embrulhamos

no pó.

Entregamo-nos à liberdade

dos braços caídos.

 

Enlaçamos o espaço

com o orvalho da terra.

Somos mínimos,

breves,

silenciosos

dentro das noites

e dos dias.

 

Os gestos são sombras

e o sorriso é perfumado

pela deterioração.

Cobre-te com o véu poético

das palavras.

Seremos cadáveres acesos.

 

Se arde e não vês,

então é paixão.

Estende os braços

e podes aquecer as mãos.

 

Assassinas todas as sombras

para beijares o sol aceso,

dentro de mim.

 

Assim,

desabrochámos

de madrugada.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

FELIZ NATAL



A todos vós, leitores, que seguis a minha página, e público em geral, desejo um FELIZ NATAL!
Agradeço o vosso carinho e atenção. Sem vocês nada disto seria possível. 
  Uma boa inspiração para este Natal é, sem dúvida estar na companhia dos que mais amamos. Venham daí os doces e aconcheguem o vosso coração com um pouco de poesia. Vamos ter frio este Natal. Agasalhem-se com alegria, boa disposição e uma mantinha .
            
           Um abraço, Ana

sábado, 19 de dezembro de 2015

Impressão digital


 
Abro os caminhos

ladrilhados pelos passos

que não dei.

Mantenho a verticalidade

mas permaneço na perdição.

Para onde vou, não sei.

 

Ultrapasso os muros

que me cercam.

Num passo em falso,

sei da robustez do chão.

Fico a seus pés.

 

Da terra posso ver as estrelas

e as pedras choram por mim.

Suportam o peso

e o que sou.

 

Fico à distância do estender de mão.

 

Amparo-me

na impunidade

que se mantem firme.

 

Não subo degraus.

Elevo-me

para ficar vertical.

Foge-me a língua

para os olhos.

 

Vejo a serenidade

quieta da existência.

 

Deixo o sorriso sofrido

enroscado nos murmúrios

das ruínas

do meu corpo

retorcido.

 

Não voltei a pisar

as pedras da rua

que me possuíram

e onde deixei a minha

impressão digital.

domingo, 13 de dezembro de 2015

Estou aqui


 
 
A cadeira está vazia.

Há vida que aí se pode sentar.

Não olho para o relógio.

Tirei o tempo do pulso.

Nada estará pela hora da morte.

 

Mantenho os olhos

abertos para a insónia.

Tenho medo do sono.

Tenho o caos no fundo

dos  olhos.

 

Não quero camas de algodão.

Não absolverão

os pesadelos com o papão.

Vou dormir no chão,

amarrada à respiração

que me faz ondular o peito.

 

Dispo as luzes.

Acendo a escuridão.

Respiro a terra que piso.

Sou terra à terra.

Não vou para o céu.

 

Estou aqui.

A cadeira continua vazia.

domingo, 6 de dezembro de 2015

A máscara

 
Foto: John Borg
 
Nunca soube olhar

 para o espelho.

O reflexo nunca

foi nada de bom.

 

Nunca dei nada de mão beijada.

Afinal não devemos levar

algo dado

mas trazer algo novo.

 

À primeira vista

nada se ama

porque tudo surge

do que se provoca.

Não do que se vê

mas do que se toca.

 

Simplesmente o olhar,

nitidamente,

pode devorar-te

a carne.

 

Ficam vagas de silêncio

no corpo agitado.

Transpiro gritos

nas veias  palpitantes.

 

Mantenho o corpo

à tona

mesmo que o fio da navalha

possa rasgar o ar

que respiro.

 

O que se passa por dentro,

ninguém vê.

Todos sangramos.

Estamos vivos!

 

Somos seres ocultos

pela máscara de pele

que vestimos.