terça-feira, 28 de julho de 2009

Em constante crescimento



Um amigo meu disse uma vez que “nunca estamos preparados para o que não queremos sentir, deixar, amar, sonhar….”
Será que é mesmo assim? Acredito que por vezes os nossos desejos podem levar-nos a ter receio e até insegurança. Não porque não queiramos realizar os nossos sonhos mas por termos medo de falhar e que pensem que não somos capazes de ir mais além. Pomos em dúvida aquilo que somos e pensamos que somos inferiores. Apesar desses sentimentos que por vezes podem destruir a nossa auto-estima, devemos ter consciência que somos seres humanos e que por isso, temos o direito de falhar e de voltar a tentar.
Toda a gente falha pois ninguém é perfeito e se alguém pensa que o é, engana-se redondamente.
De repente, tudo isto fez-me lembrar a história de encontrar a pessoa ideal e questiono-me se essa pessoa existirá.
De facto, ao longo da nossa vida conhecemos pessoas que nos fazem passar bons momentos, maus momentos, nos fazem rir, chorar, crescer e nos demonstram a sua amizade, carinho e que possuímos algum valor.
A minha convicção é que as pessoas ideais existem e contribuem para o nosso crescimento a todos os níveis, a essas pessoas costuma dar-se o nome de amigos.
Iremos encontrá-los no comboio da vida e será com eles que iremos partilhar a nossa existência pois “ apesar de sermos protagonistas da nossa existência são os outros que nos marcam profundamente” e contribuem para a nossa felicidade.

sábado, 25 de julho de 2009

Saudade


Há um sentimento, que entre muitos outros me intriga porque é uma forma de sentir diferente. A esse sentimento que um dia foi apelidado de saudade, paira em momentos distintos da nossa vida.
Recordamos pessoas, momentos que nos marcaram positiva ou negativamente. Pela negativa? É um pouco estranho dizê-lo….
Simplesmente recordamos os maus momentos desejando que as coisas tivessem sido diferentes. Sentimo-nos arrependidos por tudo o que fizemos ou por aquilo que não fizemos e deveríamos ter feito.
Independentemente das marcas que os maus momentos nos possam ter deixado, tentamos ver o lado positivo de tudo isso e sentimos saudades. Tentamos ver o lado positivo das coisas negativas. É a melhor forma de encarar a vida, não?
Com certeza já ouviram musicas, visitaram locais e lembraram-se de coisas, de experiencias pelas quais passaram e sentiram o sentimento nostálgico de regresso ao passado. Por outro lado podem sentir-se bem por tudo o que já vos aconteceu até hoje.
É verdade que não podemos viver do passado mas será que este não poderá orientar-nos para o nosso futuro?
Quando recordamos revivemos porque a saudade é isso mesmo: reviver tudo o que nos fez rir, chorar, sonhar….
Hoje, se nos arrependemos de algo, podemos simplesmente aceitar que erramos e olhar para o futuro com esperança que tal não se repita.
A vida é um caminho que é feito ao andar e é essa vida que temos de viver.
Mas acredito que também é necessário reviver as saudades nas nossas recordações, vivendo o presente com esperança no futuro.
Assim, sonha com um futuro que alimente as tuas fantasias e sê feliz à tua medida!

terça-feira, 21 de julho de 2009

O "Morrer" e o Renascer

O seguinte texto é baseado numa experiência real e pessoal, que para muitos poderá ser incompreensível...Este texto tem por objectivo alertar para o que pode acontecer quando se está com uma depressão.Não pretendo com este texto ferir susceptibilidades ou dramatizar a situação. Apenas chamar a atenção para um problema que existe e que muitas vezes é banalizado....




Por vezes parece que caímos num poço e batemos lá no fundo. Parece que aparece do nada mas quando aparece é capaz de transformar uma pessoa num trapo. A vida deixa de fazer sentido. Tudo acaba...a morte é a única saída. A escuridão e as lágrimas são o único consolo para uma pessoa que perdeu o rumo. Ninguém compreende o que é isso... è como se a vida tivesse acabado. Nesse momento somos capazes de qualquer coisa... e vemos como única saída o suicídio. Mas por outro lado sentimos que não deve ser a única saída. Tem de haver algo que se possa fazer... Não são os medicamentos que resolvem estes problemas, somos nós.
Olhar ao espelho deixa de ser sinónimo de admiração de beleza, de auto estima. O espelho passa a ser o nosso inimigo. Deixamos de ter auto estima, o que vestimos e o que somos não interessa. Podem fazer e dizer o que quiserem pois não faz sentido nenhum nestes momentos. A vida deixa de fazer sentido. As noites passam a ser o nosso pior pesadelo. A escuridão e o medo tomam conta de nós e deixamos que nos possuam de uma forma total. Por um lado temos medo de estar sozinhas mas por outro também não queremos falar com ninguém: apenas silencio e nada mais.
Deixamos de ter vontade de comer, de sair, de falar. Não somos nada.
Só o tempo nos pode tirar dessa apatia em que nos encontramos. Ás vezes basta uma palavra que tudo pode mudar.
É muito difícil explicar isto aos outros pois para eles o que fazemos não passa de uma birra, de um capricho e que o que fazemos é propositado. Compreendemos que estamos a fazer sofrer os que nos rodeiam mas não conseguimos evitar. Depois de muito tempo as coisas começam a voltar ao normal mas as marcas continuam lá.
Achei que devia escrever para aliviar um pouco. Mas as palavras não são nada à beira de tudo o que passei. Nada pode descrever os sentimentos, pensamentos que se tem. Não desejo isto a ninguém só digo que a vida é boa para se viver e que não vale a pena fazer tempestades num copo de água pois tudo acaba por se resolver.
É um capítulo encerrado da minha vida e que nunca vou esquecer. São estas coisas que nos fazem crescer e pensar que isto não acontece só aos outros. Qualquer um de nós pode cair ao poço... a partir do momento que isso acontece está nas mãos de cada um sair de lá ou não. Eu preferi sair pois não há nada pior do que viver na escuridão.
Apenas tenho a dizer que em momentos de desespero e quando o suicídio parece ser a única saída, a coragem está não em cometê-lo mas sim em não o fazer!

domingo, 19 de julho de 2009

A nossa Eterna Companheira


Nós nascemos para morrer e essa é de facto a nossa única certeza nesta vida. Mas, se tal é verdade para quê ter medo da morte? Sabemos que a morte é a nossa eterna companheira durante a nossa estadia na Terra. Está sempre connosco, por isso nunca estamos sós.
Na verdade, o ser humano enquanto ser racional tem uma grande capacidade para seleccionar a informação que quer recordar e a Morte é algo que está sempre no esquecimento (dentro do possível). Na verdade, não seríamos capazes de suportar eternamente a ideia da morte e viver uma vida tranquila. É algo incompatível!
Embora nós a tentemos esquecer, ela recorda-nos a nossa condição de seres mortais e vulneráveis em pequenos acasos do dia-a-dia a que chamamos frequentemente “ golpes de sorte”.
Por vezes é um segundo a mais ou a menos que nos traça o caminho entre a vida e a morte. Embora já a tenha tentado imaginar, não consegui. A morte, penso que é uma figura controversa pois se por um lado por uns é amada e venerada por ser a possibilidade de aliviar muitas vezes o sofrimento, para outros é o pesadelo daqueles que pensam viver muito tempo. Na verdade, a morte faz parte da vida e por isso não devemos ter medo dela. Quando chegar o nosso momento partiremos por isso, não nos podemos esquecer que não temos a vida na mão. A vida é um ciclo que começa e acaba sempre da mesma forma: com a morte.
Se a morte não existisse, não teríamos objectivos na vida pois estes têm por base o seguinte pensamento “ vou tentar levar uma vida boa para quando morrer deixar alguma coisa para a posteridade”. Todos queremos fazer história de alguma forma pois sabemos que um dia iremos partir. Assim, o ser humano relega a Morte para o inconsciente e luta desesperadamente contra ela, explorando ao máximo o “Carpe diem”.

Indefinição


Não consigo definir-me.As únicas que conseguem fazê-lo são as Palavras. São elas que me preenchem e dão sentido àquilo que sou. Sem elas não conseguiria viver.
Não sei quem sou pois ainda não consegui definir-me como pessoa.Estou à procura do meu rumo e enquanto o faço, encontro nas Palavras o refúgio e o equilíbrio que necessito para viver o "sonho" de me realizar através da arte da escrita.

É mais fácil viver o sonho do que enfrentar a realidade;
Sentir através das Palavras;
Viver a realidade usando a Razão;
Acreditar que alguém se pode "apaixonar" por aquilo que escrevo;
Sonhar que alguém poderá amar quem as escreve;
Basta-me acreditar que as Palavras poderão fazer sentido para alguém, nem que seja por breves instantes........

sábado, 18 de julho de 2009

Menino da Rua


Vagueias na rua
A quem chamas lar
Não tens lugar para dormir
Nem um ombro para chorar.

Pedes esmolas a todos
Para comprar comida
Todos olham para ti
Com uma lágrima contida.

Têm pena de ti
Porque és uma criança
Que vagueia pela rua
Com um rasto de esperança.

Uma tristeza sem fim
Que não consegues dividir com ninguém
O que sentes dentro de ti.
Apenas com um olhar vazio
Esperas por alguém
Queres chorar mas não queres mostrar a ninguém.

Estendes apenas a mão
E todos têm compaixão
Por ti, que és pobre
Mas tens um coração nobre
E uma coragem de leão
Que faz bater o teu coração.

Tentas lutar pelo que queres
Mas a vida não te deu oportunidade
E por isso a tua realidade
É triste e escura.

Mas um Anjo há-de iluminar
Os sonhos que nunca hás-de apagar
Da tua alma de criança
Que nunca perderá a esperança.

Do casamento ao pesadelo


O assunto que aqui vai ser exposto é algo que diz respeito à nossa sociedade. Estou a falar da violência doméstica. Vou tentar expô-lo de uma forma realista, para que não fiquem duvidas acerca das razões que levam a este flagelo social.
Os argumentos que vão ser aqui expostos têm apenas um carácter negativo, quero com isto dizer que ninguém poderá beneficiar com ele. Por isso, vou começar a apresentar as razões que considero mais importantes para o aparecimento deste problema que afecta milhares ou grande parte das famílias portuguesas.
O sonho de constituir família é partilhado pela maior parte das pessoas. No entanto, os casamentos são cada vez mais tardios, porque as pessoas devido à dificuldade em arranjar emprego, primeiro querem-se formar profissionalmente e a constituição da família passa para segundo plano. Mas a vida prega-nos partidas que fazem com que a carreira com que sempre sonhamos deixe de existir. Mas porquê?
Tudo começa com um sorriso, uma troca de olhares. O mundo fica mais colorido e é nesse mundo de cor, fantasia, inocência e sonho que o amor nasce. Entregamo-nos de corpo e alma a esse amor que nos faz viver. Fazemos tudo pela pessoa que pensamos ser a nossa alma gémea. A nossa inocência faz com que a nossa visão da vida seja a mais positiva possível. Acabamos por fazer as coisas na ignorância e não pensamos nas consequências.
Sentimo-nos felizes porque finalmente estamos com a pessoa que nos enche o coração. Mas o amor é traiçoeiro e faz com que aos nossos olhos tal pessoa se torne especial. O amor é o melhor disfarce para os defeitos e traições da pessoa amada. Amamo-la tanto que vemos nela todas as qualidades, mesmo que não as tenha, e os defeitos tornam-se insignificantes!
Se nos dizem mal do nosso amor, não acreditamos mesmo que seja verdade, porque para nós essa pessoa é perfeita. Quando vemos que estávamos errados custa-nos a admitir que fomos traídos. Mas muitas vezes as palavras bonitas permitem que tudo seja esquecido e perdoado. Mesmo que tudo se repita tentamos ignorar fechando os olhos ás traições.
São estas relações, que não baseadas na confiança, no companheirismo e imaturas, que acabam em relações falhadas e casamentos fracassados. Na verdade, nunca conhecemos realmente a pessoa que pensamos ser a nossa alma gémea Para muitos o casamento é a forma de conhecer profundamente o companheiro/a. Normalmente, é no casamento que melhor se revelam os defeitos e virtudes.
Com frequência ocorrem casos em que os adolescentes (principalmente) namoram com as raparigas para poderem satisfazer os seus desejos sexuais.
Ao princípio é tudo um mar de rosas, promessas e juras de amor eterno, depois tudo muda. Quando os rapazes já têm o que pretendem acabam por abandona-las com desculpas esfarrapadas. Elas tornam-se umas autênticas desconhecidas para eles, acabando mesmo por as raparigas ficarem com má fama.
A irresponsabilidade torna-se visível ao fim de nove meses com o nascimento de uma criança inocente sendo as raparigas culpadas por terem engravidado. Os rapazes tentam arranjar mil e uma desculpa para não admitirem a evidência: vão ser pais. É claro que não devemos culpar nem só o rapaz nem só a rapariga, porque ambos devem ser responsáveis pelos seus actos. Este é o principal motivo pelo qual as mães solteiras têm aumentado muito em Portugal.
O facto de os casamentos se tornarem uma obrigação porque as famílias não querem que as filhas sejam mães solteiras faz com que estas uniões sejam uma forma de encobrir os males feitos perante a sociedade.
Estes casamentos imaturos causam frequentemente a infelicidade para o casal. Ter um filho é a melhor coisa que pode acontecer na vida de uma mulher mas é quando se deseja, quando é com a pessoa amada e quando se tem condições para isso. Nestes casos nada disto acontece.
Sendo um casal jovem, estes são obrigados a abandonar os estudos a rapariga por causa da maternidade e os rapazes para tentarem arranjar emprego.
A família procura ajudar o casal contribuindo para o seu bem-estar e para o conforto da criança que irá nascer em breve.
Ao princípio até é capaz de se aguentar um casamento sem amor mas depois torna-se impossível. Se o amor não existe mesmo com o nascimento de uma criança então os problemas agravam-se. Como a família nao pode sustentar para sempre este casal, eles têm de arranjar emprego o que está muito complicado nos dias de hoje. Caso não encontrem ocupação eles arranjam "empregos" um pouco indiscretos: a rapariga entrega-se à prostituição. Os homens numa tentativa falhada de arranjar emprego metem-se na bebida, droga e muitas vezes mantêm relações paralelas com mulheres ricas para lhe apanhar o dinheiro.
Estes são os primeiros passos para o início de um pesadelo e o fim de um casamento…
Como sabemos os casamentos sem bases para "evoluir" causam o mau estar familiar e muitas vezes o divórcio. O facto de estarem desempregados, o stress, as relações paralelas, os problemas económicos, favorecem o aparecimento de maus-tratos. O refúgio na bebida, drogas e as tentativas de suicídio são as maneiras desesperantes para tentar acabar ou pelo menos tentar esquecer os problemas. O suicídio é muitas vezes a forma encontrada para acabar com o desespero de uma pessoa desiludida com a vida. As mães muitas vezes pensam suicidar-se mas se não o fazem é porque se lembram dos filhos, que para além de sofrerem, iriam ficar sem um amparo maternal. O stress com que é vivido cada dia faz com que os homens (especialmente) se vinguem na mulher e nos filhos. Esses maus-tratos podem ter origem não só naqueles problemas que atrás referi, mas também em doenças psicológicas que se foram desenvolvendo: alterações na personalidade e no humor.
As crianças embora não sejam vítimas directas dos maus-tratos (por vezes nao sofrem fisicamente, mas psicologicamente), à medida que vão entendendo o que se passa à volta delas, ficam com traumas para toda a vida. Tornam-se também pessoas violentas devido ao mau ambiente familiar e o aproveitamento escolar diminui.
As vítimas de violência doméstica sofrem em silencio pois têm medo de represálias da parte da família e da sociedade. Passam a viver num clima de insegurança e de medo. É importante referir que mesmo quando o divórcio é conseguido elas continuam a viver num clima de insegurança uma vez que são perseguidas e atormentadas pelas ameaças dos ex-maridos.
A muito custo conseguem denunciar os seus casos ás autoridades policiais, e estas perante factos mais do que visíveis nao actuam e se o fazem não é eficazmente. Dizem não terem provas, e por isso estes casos são muitas vezes adiados e mesmo arquivados.
Durante todo este tempo estas vítimas vivem num sufoco, como num labirinto, pesadelo sem fim. Muitas vezes este pesadelo tem um final trágico para o "monstro” e um final feliz para a "bela". As vítimas acabam por matar os maridos em legitima defesa. Podemos dizer que este conto de “a Bela e o Monstro é a versão moderna do século XXI.
A violência que existe entre o casal também se deve ao facto de o homem querer manter o controlo sobre a mulher. Isto deve-se ao facto de desde sempre a mulher ter sido considerada um ser frágil e inferior.
As pessoas também deixam-se levar pela crença popular (entre marido e mulher não se deve meter a colher) e de certa forma é verdade, o casal deve tentar resolver os seus problemas a bem. Mas como já disse as pessoas preferem não se meter neste tipo de brigas conjugais e a vitima (que neste caso costuma ser a mulher) sofre as agressões sem dizer nada a ninguém. Mas eu penso que no fundo ambos (tanto o homem e a mulher) são vitimas. A mulher porque sofre as agressões. Poderemos pensar que se calhar também o homem também poderá ter sofrido na pele as agressões quando era mais novo. Não teve quem o apoiasse e ao agredir sente que se está a vingar das pessoas que não o ouviram e que não o ajudaram. Os agressores devem por isso ser acompanhados por um psiquiatra porque eles assim podem desabafar e quem sabe poderão ultrapassar o seu trauma. Se apenas for julgado e o meterem na cadeia ele quando sair de lá repetirá tudo de novo e isso será muito mau… e quem sabe se forem ajudados eles tornar-se-ão melhores e poderão recomeçar, reconstituindo uma família e serem felizes. Por isso é que digo que ambos são vitimas de certa forma.
Penso que apesar de ainda haver muito preconceito as pessoas compreendem e não sentem tanto medo de falar deste tipo de problema. Vivemos numa sociedade mais compreensiva
Na minha opinião estamos a caminhar a passos largos para uma mudança, (quero acreditar que pode ser para melhor), no entanto esta só é possível se todos contribuírem para uma sociedade melhor e com novas ideias. Por isso, basta acreditar que tudo se pode transformar, para lutarmos por um mundo melhor.
Não interessa o que fazemos, mas sim como o fazemos, pois o que fizermos agora poderá ser para nosso benefício ou malefício no futuro. Istosão apenas suposições que poderão ser constatadas na posteridade. Por fim só me resta dizer que “O nosso futuro está nas nossas mãos”.

O Sonho da Velhice


“Quando se chega a esta idade
Nunca se sabe o que fazer
Achamos que estamos velhos
E já não vale a pena viver.
Pensamos que estamos velhos
Mas isso é só na aparência
Porque lá no coração
Vive o sonho da adolescência.
Queremos voltar atrás no tempo
Desejamos o impossível
Vivemos apenas das lembranças e recordações
Que estão bem no fundo dos nossos corações
Pensamos que somos velhos
E que temos os dias contados
Mas isso é mentira
Ainda há muito que viver
Somos apenas uns jovens
Com um coração de criança
Com sonhos e a esperança
De um dia voltar à infância”

O sofrimento pode matar mas o Cuidado pode adiar a Morte!


É complicado tomar uma posição relativamente a um tema tão controverso como a eutanásia, uma vez que estamos a falar de uma vida que está dependente de outra e que sofre.
Considero que a Eutanásia não é a única solução para os casos de doentes terminais e incuráveis. É verdade que cada caso é um caso e não podemos generalizar.
Tive a oportunidade de ver o filme “ Mar Adentro” e confesso que fiquei bastante emocionada com o caso aí retratado e por uns momentos fui a favor da Eutanásia.
Para mim a Eutanásia deve ser aplicada em casos extremos. Mas não acredito que um familiar de um doente terminal tenha coragem suficiente para assumir a responsabilidade de dizer “ Desliguem as máquinas”.
Independentemente do caso é sempre uma responsabilidade.
Se a eutanásia fosse legalizada em Portugal, com certeza aconteceria uma banalização da prática. Primeiro seria para eliminar doentes terminais e depois pessoas velhas que poderiam ser vistas como um estorvo para as famílias (não é por acaso que os lares estão cheios).
Se fosse perguntado ás pessoas que estão no lar se quereriam morrer, a maioria com certeza diria sim não por ter dores físicas mas por se sentirem sozinhas, inúteis. A Eutanásia surgiria assim como um escape para os problemas de solidão que tanto afecta os mais velhos.
Quanto à distanásia, sendo esta o extremo oposto da eutanásia, considero que também não é muito viável. De facto o prolongamento da vida a todo o custo pode ser vista como uma prova de egoísmo por parte dos que permitem tal. Devemos encontrar um meio-termo. Às pessoas que têm dores físicas devem ser aplicados medicamentos que as retirem, mesmo que isso signifique ter menos tempo de vida, pois vale mais viver menos mas sem sofrimento.
Quanto a mim, penso que se deve apostar nos Cuidados Paliativos. Não é matando as pessoas que se resolvem problemas. A eutanásia não é uma forma de dignidade para as pessoas.
É necessário apostar na formação de pessoas para que tratem destes casos mais complicados.
Diria mais: Em vez de as pessoas estarem no hospital “ à espera da morte” porque não estarem em casa e serem criadas equipas ao domicílio de Cuidados Paliativos? Em vez dessas pessoas estarem no hospital a ocupar camas desnecessariamente, estariam em casa e quando morressem ao menos estariam junto dos que mais amam.
Admito que existam casos em que a eutanásia seria viável mas em situações extremas. No entanto, quando falamos em sofrimento, este é relativo. Se por exemplo se perguntar a uma pessoa com depressão profunda se quer suicidar-se, com certeza ela responderá afirmativamente, coisa que não aconteceria se estivesse bem.
São por isso necessários apoios físicos e psicológicos para as pessoas que estão a sofrer, para as famílias…
À que pensar em soluções mesmo que envolvam mais dinheiro, mais trabalho pois estamos a falar de pessoas que estão a sofrer e que necessitam de ajuda.