terça-feira, 23 de maio de 2017

O que trazes contigo?




Foto: Paolo Lazzarotti

O que trazes contigo, hoje?

Os aromas são sabores que desconheço.

Passas por mim

e não te conheço.



Nao faças caso de mim à noite.

Faz de mim um caso teu

todos os dias.

Juro que não me caso,

caso nada aconteça.



Que sabor trazes contigo?

Quero saber.

O que trago,

eu não digo.



Escorre um suor noturno

e algo palpita no coração

da flor.

É exato.

Mecânico.



Viverei com isso até à morte.

Para saberes como palpita,

descobre o instinto guloso

que bombeia o desejo.



Diz que me matei,

quando recolheres a minha vida

expirada no teu colo.

Serei a menina

com instintos fatais.



Afinal, o que trazes contigo?

domingo, 14 de maio de 2017

Olha só




Olha só,

sou uma gata

que anda nos telhados

a fazer versos para a lua

e que pede desejos

às pessoas na rua.



Olha só,

Sou uma cobra

que trocou de pele,

deixando-a no chicote

das tuas mãos.



Olha só,

trago palavras

dentro de beijos.

Tenho estado em

silêncio.



Olha só,

sou um anjo

a quem prendeste os pés

e pediste que voasse.

Deixei-te sozinho

Sem ter partido,

regressando devagarinho.



Olha só,

o que te digo não é erótico.

Não é sensual.

Retira a pontuação.

Retira a roupa.

Acabou o mundo.



Os anjos não têm sexo.

(Nunca se sabe o que virá

depois.)