domingo, 14 de maio de 2017

Olha só




Olha só,

sou uma gata

que anda nos telhados

a fazer versos para a lua

e que pede desejos

às pessoas na rua.



Olha só,

Sou uma cobra

que trocou de pele,

deixando-a no chicote

das tuas mãos.



Olha só,

trago palavras

dentro de beijos.

Tenho estado em

silêncio.



Olha só,

sou um anjo

a quem prendeste os pés

e pediste que voasse.

Deixei-te sozinho

Sem ter partido,

regressando devagarinho.



Olha só,

o que te digo não é erótico.

Não é sensual.

Retira a pontuação.

Retira a roupa.

Acabou o mundo.



Os anjos não têm sexo.

(Nunca se sabe o que virá

depois.)

1 comentário:

  1. Este poema tão cheio de ritmo tem uma delicadeza excepcional...
    Gostei imenso.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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