sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Morrerá um coração


 

A noite é um manto de estrelas.

Estou confortável

mesmo que não consiga respirar.

A Saudade está a meu lado

mesmo quando olho para ti na sombra,

Pensando que estás acordado

e não me vês porque estás ensonado.

 

Fecho as janelas.

Sou anónima.

Ninguém dá por mim.

Respiro com as Palavras.

Bebo a tinta que escorre delas

e que me embriaga o corpo.

Sinto-me a flutuar.

Entrelaço os dedos

à volta da minha pena (perpétua):

pegar na caneta e fazer dela

a minha arma para manter

a ferida aberta

para o sentir.

Esmago o coração até que deixe de bater.

 

Não faz mal que as minhas palavras

nasçam do esquecimento.

Tanto nasço

como morro.

Aceito a morte doce que a Palavra me concede.

 

A noite inclina o seu rosto

para beijar a minha melancolia.

Tudo cessa com o nascer do dia,

quando a última gota de tinta

cai no papel

e surge o ponto final.

 
 
Olho para ti, acordado do sono,

e deito-me a teu lado.

O coração de tinta morreu esta noite.

A teu lado volto à Terra.

Apenas amanha morrerei de novo,

Com um novo coração (de tinta). 

4 comentários:

  1. que lindo!

    morrer de amor e continuar vivendo....


    beij0

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  2. Nas palavras que respiras
    há a sede do desejo,
    enquanto teus dedos soltam caricias
    no teu ventre em chamas.
    As pernas são corças enlouquecidas
    deixando na carne os gemidos da posse...
    Ah!... soltam-se os poemas
    dos teus dedos!

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  3. Muito lindo!
    Realmente amo passar por aqui e me encontrar em suas ternas palavras. beijos!
    http://aspoderosas1.blogspot.com.br/

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  4. Absolutamente lindo. Triste, mas mesmo assim poderoso.

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