sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Não te posso agarrar


As estrelas estão frias.

A noite tem luar.

Abro os braços para versos tristes.

Canto-te pois existes.

O coração vibra nas linhas do papel.

Cada vez que piso a linha

renasces de novo.

 

És leve e completo.

Dá vontade de estar preso

Como alguém que não fez

o que está certo.

Tornámo-nos pássaros negros.

 

Cala-se a voz.

Fala-se com as mãos

Ou um simples olhar.

Varrem-se as folhas de outono.

Tudo floresce e começa o verão.

Há um calor brando

que incendeia parte da existência.

Tudo muda de lugar.

Sabemos o caminho para o Céu

mesmo que tenhamos de matar

para lá chegar.

 

És imortal na distância dos corpos.

Deixas no quarto (de nós)

as lembranças que desenhamos.

Não quero sonhar contigo.

Não quero ter lembranças tuas.

Não quero ter saudades tuas

pois, quando isso acontece

não te posso agarrar.

4 comentários:

  1. E como é sedutor aquilo que não podemos mais ter...lindo texto, minha amiga. Beijinhos e bom fim de semana

    ResponderEliminar
  2. O coração vibra nas linhas do papel. Gostei muito desse verso.

    ResponderEliminar
  3. (falat aqui o post do "coração", do lançamento quero dizer! Para quando, então?:))

    ResponderEliminar