domingo, 17 de agosto de 2014

O nosso Universo


 
Foto: Eduard Alt
 
 
Quando estou só

existe a voz calada no fundo.

Quebram-se as grades por dentro.

Abro a janela para o Mundo.

 

Lavo o corpo.

Dispo a alma.

Sento-me calma

com esperança que venhas.

O Sol vem de passagem

e a Lua revela-me na escuridão.

 

O poema brilha

lento,

sonolento

arrancado pela raiz

de dentro de mim,

quando grito o teu nome.

Tudo ressoa longe

no Espaço do Silêncio.

 

Surges e caímos

num buraco negro.

Entramos em outra dimensão.

Não sei se é real

ou pura ficção.

Quero apenas ver o teu brilho natural.

Não levantes os pés do chão.

 

As tuas palavras beijam-me

com a sua língua

que conheço.

Cada sílaba é uma luz

que preenche o vazio do céu.

Só lá estamos tu e eu.

 

Quero-te

de desejos despidos.

Quero que os sentidos

 tenhas acendido.

Não há limites no Tempo.

 
 
Iluminamos o verso.

Vou longe.

Fico perto.

Agarro a Lua.

Como as estrelas.

Prendo o teu beijo no espelho.

 

Olho para ti e vejo o Fado

que nas estrelas fica traçado.

 

Agora não faças perguntas.

Agora não te dou respostas.

Não quero que me decifres

num mapa astral.

Quero que nasças no meu poema

que é bidimensional

num único Universo:

o Nosso.

1 comentário:

  1. Prezada Ana Pereira seus poemas são profundos, de beleza sem igual, que encantam nosso coração até quando cansado, adormecido pelas lides diárias. Parabéns!
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    https://www.youtube.com/user/estacaodapoesia/

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