sábado, 28 de junho de 2014

Amor permanente


Foto: Stanmarek
 
 
Nasces à noite,

quando me deslumbras

com sombras

caiadas na tela branca

da minha insónia.

 

Traço um esboço a carvão.

A preto e branco

delineio o que tolda

a Razão.

 

Vejo nascer

um sonho meu

na minha cabeça assombrada.

Vejo-te nitidamente.

 

Desenho o teu corpo.

Os meus dedos acariciam-te

e ficas em contraluz.

Fica estranho

quando apago as imperfeições.

 

Misturo as tintas

nada arbitrárias.

Estão na base.

São primárias.

Quentes.

Frias.

Surgem secundárias

quando quero algo novo.

 

Sinto-te vagamente

no correr da tinta

que cai nos meus dedos

e me acaricia a pele.

 

Sinto-te perto.

Sinto o teu cheiro.

Sei que me pertences.

Sei quem és.

Sei-te de cor.

 

Quando as tuas mãos ganham vida

e me percorrem,

para que nada se apague de mim,

tornamos o nosso Amor,

(de tinta),

permanente.

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