domingo, 19 de outubro de 2014

A Flor Azul


 

Torno-me noite.

Afinal ela é

uma criança.

 

Viro as costas ao espelho.

Odeio a visão.

Quero saber o que tens para me contar.

Recorrerei à audição.

 

Há a chama mortal

que me faz rodopiar.

Estou tonta

sem sair do lugar.

 

Cubro as fechaduras.

Não espreites.

Estou a dar corpo à alma.

 

Escrevo na sombra

dos olhos.

Mordo os lábios do pensamento.

 

Da minha raiz

surge a palavra inquieta

num gesto

vulgar.

 

Traz o vento.

Quebra o Silêncio.

Saberei que há

algo mais aqui.

 

A poesia perde o rosto.

Não és Tu.

Não sou Eu.

Somos Nós!

 

Sinto-a pulsar

em traços leves.

Infiltro-me nas palavras.

Cubro os espaços.

Não há intervalos.

 

A água,

palavras mortas,

refrescam a raiz.

Troco o Sol pela Lua.

A meu lado

não podes respirar.

 

Alimento-me do que

não tem voz:

palavras de açúcar dissolvidas

em versos de água.

 

Abro as asas.

Caio no teu colo,

leve,

como uma folha.

 

Sou uma flor Azul. 

4 comentários:

  1. Sem outras palavras a não ser: LINDO E ARREPIANTE

    Deixo cumprimentos

    ResponderEliminar
  2. Que inspiração maravilhosa..
    "Abro as asas.

    Caio no teu colo,

    leve,

    como uma folha." Amei

    Beijo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  3. Boa noite Ana
    Que poema maravilhoso! Busca inspiração no âmago da alma! Lindo te ler
    Beijos

    ResponderEliminar
  4. Belo poema!...
    Tanta a vontade de poder vir a ser "uma flor azul"...

    ResponderEliminar