sábado, 26 de julho de 2014

Sem ondas

               
 
Foto: Hamanov Vladimir
 
 
A chuva cai,

quando se está no chuveiro.

Vai caindo de rajada.

Beija o corpo inteiro.

O cabelo fica com estrelas a brilhar.

O corpo fica claro.

Sentimos leveza.

Vontade de voar.

 

Fica nas mãos o cheiro

do sabor que procuras.

Absorvem-se essências,

incoerências minhas

que perfumam o espaço.

Olho para o espelho

e vejo que está baço.

Adensou-se o nevoeiro.

Estou presente

mas nada está claro.

 

Limpo o espelho.

A imagem fica condensada

no sopro de ar.

Visto-me de frio,

quando me dispo nas chamas

da ilusão poética.

 

Os versos são cintos brancos.

Sem medida.

Ajustada com rimas inexistentes.

Os sinais de pontuação são finais

e perpetuam o pensamento.

Pausa.

Espera.

As Palavras são indecentes.

Podem revelar muito.

Nunca dizem o suficiente.

 

Apanho os cabelos

e prendo-os na loucura da razão.

Navego no sonho.

Finda-se a tempestade.

Aqui já não existem ondas.

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