Foto: Graça Loureiro
Vendo a minha alma
com Palavras cegas
de sentido.
Sacodes o meu corpo.
Fazes a minha cabeça
andar à roda.
Encosto-me.
Não quero embater
no teu mundo.
Vou-me embora!
Invento o que sou
por baixo da roupa.
As mãos atravessam a luz
e o que fica
é a noite vazia
que me agarra por fora
e me prende por dentro.
Vou-me embora!
Deito-me, sem dó,
por cima de uma
caligrafia feia.
Escrevo mal, lamento.
Torno a minha boca
vulnerável
com o sopro ligeiro
do respirar das Palavras.
Escondo-as nas nuvens
e solto-as do Céu.
Chove e molha o rosto
teu.
Vou-me embora!
Abandono –me ao som
diurno dos passos.
Há paz no lugar da
Solidão.
Há o Silêncio
quando se enterra o
coração.
Vou-me embora!
A noite fica
transfigurada.
Lentamente,
palavra a palavra,
chega a madrugada.
Lês-me e desvendas-me.
Compreendes as
entrelinhas.
Nada há para esconder.
Vou-me embora!
Agarra-me.
Solta-me.
Fala-me.
Cala-me.
Escreve-me.
Apaga-me.
Termina.
Recomeça.
Vou-me embora.
Não volto mais.
E tu, ficas comigo?
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