Viajo imóvel por um
caminho deserto.
Vou deitar-me nas
próximas linhas paralelas.
Aguardo ver a luz do
comboio de Palavras
que me deixará marcado
com elas.
Fico ausente.
Prendo-me a algo.
Uso tinta permanente.
Procuro o inverso da
Alma:
um corpo, algo que caiba
nas mãos.
Toda a gente dorme.
Ninguém vê o que
desperta
Ninguém vê o que
floresce da ferida aberta.
É o poema sangrento.
Vem de dentro.
São pedaços de mim.
Fico mais leve.
A alma torna-se breve.
Deixo de ser palpável.
Fico sepultada nas
palavras mortas
que fazem brilhar os
teus olhos
com as lágrimas que já
não são minhas.
Estou escondida atras da
porta.
Coberta pela Solidão.
Revelo-me apenas no
Silencio:
Tempestade intemporal em
mim.
Olho para o horizonte.
O teu olhar é o fim.
Fica o gesto do que
escrevi.
Reconstrui o Amor na
folha rasgada.
Entrelaço os dedos e
espero.
É preciso saber esperar.
É preciso saber morrer.
Adormeço no contorno das
Palavras nua.
Embalada na melodia da
tua voz
que ecoa no meu quarto.
Já não olho para a Lua.
Está cheia de nada
palpável.
Vai amanhecer.
Morre o meu lado Lunar.
Deixo-te o meu poema
Solar.
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