sábado, 31 de outubro de 2015

A noite não chega


Foto: Morfi Jang & Iwona Aleksandrowicz
 
 
 
Fizeste de mim

Palavra

e por isso,

quiseste-me nua

para me vestir de insónia

e sentir.

 

Enquanto o dia

dormia,

levei o meu corpo

desnudo

à luz do teu auscultar.

 

Levava o ventre inquieto

e a boca com fome.

 

Enlouqueceste-me,

quando soube que

não tinha cura,

com o peito nas tuas mãos.

 

Fitei-te com as cicatrizes

nos olhos

e viste uma beleza

que não há.

 

Perturbaste-me 

com o teu toque

e mergulhamos bem fundo

no inconsciente

da mente.

 

Libertamos o nosso fogo.

O chão ficou em cinza.

A minha voz

ecoou no silêncio

da tua boca.

 

Respiraste o meu grito,

quando me mataste.

 

Agora habito as tuas palavras

todos os dias,

pois uma noite não chega.

14 comentários:

  1. Excelente poema, Ana. Duro como as cicatrizes e o grito que depois de todas as mortes nos faz renascer para habitar as palavras do outro todos os dias.
    Porque "uma noite não chega" para saciar as fomes e as sedes.
    Gostei muito.
    xx

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  2. Retenho: "Agora habito as tuas palavras
    todos os dias,
    pois uma noite não chega. "

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  3. Para coisas boas...
    Uma noite só não chega...
    Mais um belo poema.

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  4. Um poema com palavras de intensa beleza...são um grito de amor e paixão...

    Bjo

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  5. Oi, Ana Pereira !
    Fantástico poema... inteligente texto.
    Parabéns sinceros !$
    Um fraterno abraço.
    Sinval.

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  6. Belíssimo, intenso e apaixonante...
    Gostei muito do poema!
    Beijos
    Ana

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  7. Belíssimo poema. A noite será sempre amante do amor.

    Bom resto de semana

    Bjgrande do Lago

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  8. Inspirada e plena!
    Muito interessante.
    Beijinho

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  9. Palavras à flor da pele. Belo poema!
    Beijo.

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  10. Forte, intenso...e com muita sensualidade....:)
    Gostei de conhecer este espaço...beijinhos

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  11. poema intenso e vibrante. de uma sensualidade muito bela.

    beijo

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  12. ... FRONTALIDADE !
    Gostei do que li.

    Abraço.

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