Foto: Pour le plaisir des yeux (página facebook)
Olho para ela.
Parede singular,
correta,
alinhada,
senhora de si.
Detesto espaços pequenos.
Gosto de estar á larga.
Abro os braços.
Chega aqui. Vou dar-te
um abraço.
Encaracolo o cabelo
por entre os dedos
e espero que as sílabas
surjam nas ondas
do pensamento.
Abro o leque vocabular.
Abano-o devagar.
Aguardo que a brisa
me possa inspirar.
Tenho palavras debaixo
da língua.
Estão escondidas
e não querem surgir.
Vou comer um chocolate
para que fiquem doces
e para a página queiram
fugir.
Rasgo a rua.
Fico no meio da estrada.
Escrevo frases nuas.
Quando as letras dão as mãos
com singelos traços
estreito laços.
Gastei as palavras todas
pois não eram caras.
Palavras sombrias
em folhas brancas.
Não eram luminosas
mas fantasmagóricas.
O que está nas profundezas
emerge.
Surge a Palavra virgem,
diamante bruto.
Não sabe o gesto.
Não sabe a transparência.
Não sabe a invenção da existência.
Abro o meu corpo.
Fecho a Alma
de porta aberta,
trespassada pela sombra
que matou a voz.
Algo dorme no leito “paginal”.
Fluidos escorrem
nas curvas métricas do
corpo.
É a Palavra que se
alarga
no espaço deserto
e se perde no tempo,
chegando no momento
certo.
Perdemos Espaço
para ganhar Liberdade.
À luz fria,
silenciosa,
crua,
esperamos que ela
escape e caia
no abismo do olhar.
Apaga tudo o que leste.
Olha para o lado.
Não gostes de mim.
Vinca-te apenas.
Deixa a cama desfeita.
Dorme comigo.
O corpo e as palavras.
ResponderEliminarA posse.