domingo, 9 de novembro de 2014

Um pedaço de Céu


Foto: Pour le Plaisir des yeux (página facebook) 
 

O Céu está cerrado

de Palavras.

Mordo o lábio.

Coloco as mãos na cintura.

É possível que chova.

Não sei se me abrigo

ou se me deixo molhar.

 

Letras soltas

caem sobre a capa

do corpo

vivo.

Poderás folhear-me depois.

 

A Terra destila palavras.

Cavo a sepultura

no buraco negro

da voz.

Perco o Tempo e

partilho o que me resta

contigo.

 

Fico com a cabeça

nas nuvens.

Há o perigo de a perder.

Não sei o que fazer.

 

Se os meus versos

são de água

e os teus olhos são solares,

há o risco de

chegar ao Céu.

 

O lápis

solta-se da mão.

Ressoa no Espaço,

firme chão.

Algo me diz.

 

Já não há constelações.

Apenas o rasto

de estrelas inexistentes.

Desfaço-me contra a imaginação

e cai pó estrelar.

Penetro no núcleo da página.

Uma tranquila brisa indomável

reescreve o Destino.

Segue o rasto dos sentidos.

 

Rasgo os papéis.

Oriento as Palavras.

Há tempestade na gaveta.

Suspiro gemidos.

 

Espero que o dia chegue

e abro os braços.

O Espaço é estreito.

Toco a melodia

que guardei

na Galáxia do meu Silêncio.

 

Deixo-te um pedaço de Paraíso.

É uma dádiva celestial.

Confesso:

escrevo poemas no Céu.

2 comentários:

  1. Tem de ser no Céu que poeta vive sempre nas nuvens...
    E tu és, já deu para ver.
    Beijinho.

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  2. Sempre fantásticos os teus poemas. Adorei

    Tenho poema que não quer sair.
    Beijos, e uma feliz semana

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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