domingo, 28 de setembro de 2014

Espelho de Água


Fico no fundo

das escadas

olhando o espelho

que me desfaz

em infinito

pó.

Estilhaça-me.

 

Desperta a manha.

Corre o rio.

Olho esse espelho de água.

Sei que um sopro de ar

o fará vibrar.

Em linhas de água

escorro.

 

O Céu é impossível.

Não posso voar.

Apenas se me evaporar.

 

Não vou atrás de Palavras.

Corro na Terra

nos vales,

montes.

É essa palavra que me

prende à nascente.

 

Ficas com a boca

enredada

nas linhas de água,

versos meus.

Vais mais fundo.

Mergulhas.

 

Agita-se a luz sem querer.

Fico dentro das coisas.

Evaporo com o calor

do teu olhar.

Atravesso o portal

Temporal.

 

Soa o eco das profundezas.

Ouço o Silêncio dos Mortos.

Fico no profundo

espelho de água:

reflexo sem voz.

3 comentários:

  1. Fabuloso poema. Parabéns

    Tem um Domingo feliz
    Beijinho

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Muito bonito...Dá gosto ler um poema que faz da sedução a sua mensagem forte.

    Desejo um Domingo feliz

    Querendo visite(m)-me

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  3. As preocupações de hoje impedem-me de fazer um comentário mais valioso. Portanto, adorei.

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