Foto: Telma Perdigão
Caminho no
quarto
obscuro
na procura tátil
da tua
mudez.
Sei que
entre nós
já nada há para
falar!
Recolhes a
fruta amadurecida
para ti
apetecida.
Com as mãos inflamadas,
descascas o
fruto devagar.
Deixas que
mostre a sua essência:
pele suave,
pura inocência.
Debruças-te
sobre
o seu rosto
para sentir
o gosto
nos teus lábios
traçados
pela língua
que te faz
pronunciar
uma palavra
sem voz:
beijo.
Percorres as
linhas
do seu corpo
curvilíneo.
Procuras os
espaços vazios
para saciar
a sede.
Morde-o devagar.
Saboreia-o lentamente.
Para
encontrares o prazer
tens de te
perder.
Agora, fico
em ti,
(re) vestida do teu cheiro.
Procuro o
sossego
na excitação
entranhada
no que fica.
Encontras, assim,
o fruto (nada)
proibido
que será sempre
consumido
pela chama,
sem fogo,
de quem se
ama.
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