domingo, 6 de abril de 2014

Apaga a luz

 
Foto: Olga Boris
 
 
 
Apaga a luz.

Caminho sobre o abismo.

Viro-me para o lado de dentro.

Ocorre um sismo.

O meu corpo não sente.

Desligo o coração.

Torno-me malabarista de palavras

que atiro ao ar.

Apanhas?

Não! Sou mais do que isso.

 

Apaga a luz.

Desconheço os silêncios,

quando navegas no meu rio de letras

soltas nos meus cabelos despenteados.

Olho para a raiz.

Vejo-a natural.

Única.

Verdadeira.

Estico até ao limite da sua existência.

No fim corto significados.

A ausência fica marcada

mas de nada serve.

Encaracolo o que me resta.

Cubro de cor o (in) visível.

Fica bem? Sou mais do que isso.

 

Apaga a luz.

Construo castelos de papel

com o que não te consigo dizer.

São pedaços de nada.

São partes de nada.

Palavras de tinta permanente

que ficam cimentadas no coração de quem sente.

Gostas da obra?

Sou mais do que isso.

 

Apaga a luz.

Atiro à queima-roupa.

Dizem que sou louca.

Assassina de profissão.

Atiro de forma certeira

com armas letais que vão directamente ao coração.

Morreste? Não!

 

Chega!

Não tentes mais.

Na poesia podemos ser tudo

de uma forma alinhada

sem nunca sabermos realmente aquilo que somos.

2 comentários:

  1. Boa tarde...
    Encontro este soberbo poema publicado no MEU/NOSSO Grupo... Entrei e adorei vou ficar, mas antes vou levá-la comigo.

    Tenha um Domingo Feliz.
    Beijo

    Visite se quiser.
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Já o li umas tantas vezes, de tão bom que é :) Parabéns, Ana.

    http://planopalavras.blogspot.pt/

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