sábado, 12 de abril de 2014

A Bailarina



 
Foto: Hemail
 
 

Sou a bailarina da caixa de música.

Mantenho uma postura direita.

Há alguém que me espreita.

Ando nas pontas dos dedos.

Está o chão escorregadio.

Não quero cair.

Estico as mãos acima da minha cabeça.

Acima da razão.

Mostro assim o meu peito,

o meu coração.

 

Escorre a fonte de Vida.

Fecho os olhos.

Algo me envolve e me diz

que devo escrever o que a inspiração me diz.

O Calor emerge da raiz.

Limpo as impurezas,

palavras espumadas que se colam a mim.

Cubro-me de certezas.

A cascata cai sobre mim.

 

A música começa a tocar.

Começo a rodopiar.

Tudo se inicia com a clave que abre a porta para o Sol.

Não há ré(us) nesta musica que ouço.

Sou livre, contudo.

Não há Dó.

Apenas Lá.

Lá, aqui existe Sol que Fá(z) de Mi(m) e de nós, Si(e) quiserem,

pautas de silêncios gritados.

Fica tudo sustenido na respiração.

Somos (semi) mínimos no horizonte pautado.

Há um ritmo compassado.

Há um desassossego aprisionado.

Abro a colcheia mostrando o que o corpo diz ser.

 
 

A espuma escorre então pelo corpo.

Vai pelo cano. Puro engano!

Nada se perde.

Tudo fica à flor da pele pois a poesia é a essência

da nossa existência

Mortal.

 

Regresso ao mundo.

A música parou de tocar.

O espetáculo termina.

A bailarina para de dançar.

Tudo irá recomeçar,

quando a caneta o papel voltar a tocar.

4 comentários:

  1. Bom dia

    Maravilhoso!! Adorei

    Tem um lindo Domingo.

    Beijos

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. É um belo poema, todos os dias aqui temos muita poesia, uns se destacam mais do que outros e hoje é este o caso.
    Um poema muito bem escrito que merece
    Parabéns
    Votos de boa semana que se vai iniciar

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  3. Bailando, se pode ocultar um pouquinho razões e não razões...
    são sobretudo umas e outras que nos fazem tanto sofrer...

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