sábado, 19 de abril de 2014

Mata-me


Foto: Balabanov
 

Inclino a cabeça para o lado.

Observo as coisas imóveis.

Baixo o olhar para o chão.

Agarro a corrente que trago na mão

e arrasto, lentamente, o meu coração.

 

Não queiras saber de mim.

Ninguém se estende na almofada

sabendo que vai ficar

agarrado a Nada.

Sonha.

 

Não olhes para a janela.

Olha para as ruas e vielas.

Corre atrás das pessoas

que levam o sonho com elas.

Rasga o teu corpo

com gestos literais.

Desfaz as curvas dos corpos celestiais.

 

Não me procures.

Sente a aragem.

Não abras caminho à brisa.

Quando simplesmente suspirar,

sentirás o meu puro refrescar.

 


Não me toques.

Enlaça-te.

O nevoeiro cobre o corpo (im)perfeito em si.

Ondula.

Respira.

Pode ser ideal, ou não, para ti.

A ternura não vês.

Encosta o ouvido à nudez.

 

Não te despeças.

Destrói o vulcão em chamas.

Agarra a (minha) Vida com as mãos.

Inclina-te.

Simplesmente Mata (-me) para viver.

4 comentários:

  1. Simplesmente fabuloso.. Amei..

    Passando para lhe desejar uma Pascoa Feliz.


    Beijos
    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Quem poderá ser assim tão.. assassino?!?...
    Agarra A Vida...qualquer que ela seja.
    Beijo.

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  3. Poderosos palavras e uma auto aniquilação para que a vida do outro floresça.
    O amor total...dádiva que culmina na própria morte.

    Intenso sentimento.

    Beijinhos

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