Linha de tinta.
Quero que esteja bem esticada
para que reflita algo
que eu não sinta.
Palavras nuas e cruas.
Passo a linha pela minha agulha,
caneta azul,
que desliza suavemente pelo pano branco.
Começo a bordar.
O luar ilumina o meu trabalho sombrio.
Estou em contraluz.
Surgem versos agrupados
pois as Palavras não podem estar sozinhas.
Tudo é irregular.
Não há nada de (mili) métrico.
Para rematar o bordado, dou pontos certeiros.
Ponto a ponto.
Um ponto de exclamação para entusiasmar.
Quando tenho duvidas,
acabo por me interrogar.
Desfaço o meu bordado
e tenho de recomeçar.
Coloco três pontos para rematar.
Não sei o resultado.
Só no final, é que se verá o bordado.
Para dar mais cor e fantasia,
faço de conta que sou a Cinderela
ou a Bruxa Má
que à Branca de Neve deu a maçã.
Não faço comparações.
Ironizo “Está maravilhoso”.
Não é dito pelo escritor.
Minto!
Está tudo nas mãos do leitor.
Espalho antíteses na minha criatividade:
Julgo que é na morte que encontro o poder da
Poesia.
Nesse momento iludo o leitor
com um pouco de fantasia.
Quero que tudo fique tónico
face ao que apresento.
Se isso não acontecer,
Não é grave.
Não sentirei uma dor aguda.
Fico sempre feliz pois é uma parte de mim,
mão de poetisa,
borda as Palavras que chegam ao leitor,
consumidor final, da obra poética.
Parabéns!
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