domingo, 25 de setembro de 2016

Não há santos





Poderia escrever uma história

de encantar.

Infelizmente não tenho moral

para falar.

Seria um livro em branco.



Mando-vos à missa.

Digo-vos que comereis o corpo

para salvar a alma.



Calem-se mortais.

Não me chameis pecadora.

Levais uma hóstia!



Não vos mata a fome.

Não vos mata a sede.

Mata a vontade que

não é nada pouca

quando tudo se aponta à boca

e sentis vontade de tirar a roupa.



Vós mortais,

não bebereis o sangue

que pulsa nas veias.

Apenas pegareis em copos e

dividireis o desejo líquido a meias.



Deito-me sobre as tábuas

do meu colchão:

impecáveis lençóis de algodão.

Sei que eles não enganam e serão absolvidos

todos os suores da tentação.



Não vos preocupeis mortais,

pegarei no terço para rezar.

Talvez assim me possa salvar.



Mas parece que não há santos!

Fim da história.

3 comentários:

  1. E para que queríamos nós os santos?
    Excelente poema.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Minha alma anseia
    Meu coração dispara
    Meus olhos procuram
    Por ti minha sereia
    Bonito poema... Gosto... Um bj

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  3. Como o mundo seria aborrecido sem pecadores...
    Espectacular poema!
    Bjs
    Ana

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