sábado, 17 de setembro de 2016

Não sou anoréxica




Foto: Angela Vicedomini



Não sou anoréxica.

Não engulo tudo.

Apenas o que é preciso.



Deixa-me arrancar-te

a língua da boca.

Deixa-me cravar-te dez garras

no corpo.

Deixa-me gemer abaixo do umbigo

e deixar-te fugir

para dentro de mim

quando desapertares o nó

do desejo.



Dá-me um tronco

para me encostar.

Preciso de uma pausa

para saber a causa

de me desbravares

por dentro.



Deixa-me abraçar-te

o corpo com as pernas

e ficar com a boca a salivar.



Afoga-me em água de rosas

das planícies

invioláveis.

Deixa-me morrer

na vontade.



Não preciso de amor

para me sentir leve.

Não preciso de fazer dieta.



Não preciso de amor

para respirar.

Dizem que com ele ficamos

com falta de ar.



Não sou anoréxica

De sentimentos.

Sou uma obesa de

desejos proibidos.

3 comentários:

  1. Quanta sensualidade!
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Um poema brilhante, minha querida amiga.
    Fizeste-me lembrar a grande Maria Teresa Horta. E este teu poema é melhor que muitos que ela fez.
    Ana, tem um bom resto de semana.
    Beijo.

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  3. Notável! A força que advém das tuas palavras...
    Mais um poema que é uma delicia de ler e apreciar...
    Beijinhos
    Ana

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