domingo, 2 de outubro de 2016

Um homem não é de ferro




Foto: José Lobato


O desejo de tocar-te

faz-me sentir fome.

Nada ocorreu.

Ninguém morreu.



Apenas uma substância

escorre

pela garganta funda.

Coagula-me o pensamento.

Deixo o corpo à solta.

Há a dor de ver a luz.



Ficamos afastados do chão.

Estamos em cima do colchão.

Há o apetite das coisas

que não se veem.



Ejaculo palavras inaudíveis

para os ausentes

mas sem erros.

Quero provocar-te um orgasmo

na descontração

do espaço (jamais)  vazio.



Escreve-me com a língua.

Depois coloca tudo num

parênteses:

o abraço à volta do corpo.



Elevas-te do fundo de mim.

Afinal um homem não

é de ferro.

3 comentários:

  1. O erotismo à flor da pele...
    Uma boa semana.
    Beijos.

    ResponderEliminar
  2. Fantástico! Uma arrebatadora sensualidade, em estado puro, brota das tuas palavras!
    Maravilha! Já tinha saudades de passar por aqui... mas culpa minha! Estou num local com net limitada... e as visitas aos blogues ressentem-se um pouco... mas é só por mais alguns dias...
    Beijinho! Boa semana!
    Ana

    ResponderEliminar
  3. Bombástico. Não me canso de ler as tuas letras descomportadas

    ResponderEliminar