domingo, 26 de fevereiro de 2017

Guarda-te



Foto: Paolo Lazzarotti


Frio,

trago-te no bolso.

As pernas não me levam

a lugar algum.



O cloreto de sódio

armazeno-o nos olhos,

se o quiseres analisar.



Num movimento suicida,

leva-me para a cama

para me roubares

as roupas, o gesto, o toque.



Guarda tudo no cofre da cama.

No oceano da boca,

fica submerso o beijo

que morre na língua.



Há a cadência líquida que escapa.



Enterra-te bem

nas entranhas carnais,

depois de me autopsiares.



É o segundo certo

em que te guardas em mim.




3 comentários:

  1. Hà em ti um sentimento refém
    Porque metade de ti é amor
    E a outra metade também
    Um bj

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  2. Uma poesia bela e dona de metáforas misteriosas!!! Parabéns pelo talento possuído!

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