domingo, 3 de julho de 2016

Sem nós




Foto: Raymond Elstad

Despes-me a camisa

e é assim que a noite

cai.



Navegamos sem velas.

Apagamos as luzes.

Percorremos o nó:

uma milha de distância.

Somos mais velozes

 que o som.



Desaperto-te o nó da gravata

sem nó na garganta

mas sem nada

para falar.



Entre a  parede e o corpo

enterras a espada.

Contorço-me sem saber

para onde escapar.



Não me deixas fugir.

Apenas sorris.

Queres ouvir-me gritar.

Da incisão,

descobres a nascente.



A fuga orgásmica

é a única saída.

Um homicídio lento

onde me rendo

sem nós.

2 comentários:

  1. Maravilhoso poema de uma sensualidade contida e muito metafórica.
    Beijos.

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  2. Mais um poema, absolutamente arrebatador e de leitura irresistível, da primeira à última palavra...
    Beijinhos!
    Ana

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