domingo, 22 de maio de 2016

Não adormeças



Este poema

Está cheio de nada.

 

Pensas como

sou por dentro

e eu digo-te que

a casa está vazia.

 

Tem apenas três quartos.

Um em cada hora.

Ora, não é muito.

É impar.

 

É difícil ficar.

É mais fácil vir(-me).

 

Se me visitares,

fica do lado de dentro.

Eu ver-te-ei

do lado de fora.

 

Pisarei as pedras

que vibrarão

com o calor do corpo.

Só me resta

ficar nua.

 

Arrebentaram-me as águas

nas mãos.

Nasce o fruto do desejo

construído no silêncio

do grito que dei.

 

Parti todos os espelhos

da casa pois há

reflexos inexplorados

na claridade das horas.

 

Por isso,

mesmo sem nada,

não adormeças.

6 comentários:

  1. ola boa tarde nobre poetisa belíssimo poema muito bem definido gostei parabéns tenha uma linda semana bjos

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  2. mmm... minha querida Ana
    a tua casa é grande..
    e ver-te ali.. nua... reflectida em cada espelho...
    ter-te em cada quarto...
    escutar o teu grito, abafado em meus lábios...
    não, não adormeço... não me deixas...
    Um beijo

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  3. Um poema muito sensual... Claro, poderoso...
    Gostei muito...
    Beijos e abraços
    Marta

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  4. Olá, Ana.
    Um poema cheio de nada e a dizer tanto.
    Bonito demais.
    bj amg

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  5. Um poema belíssimo, que nos agarra por dentro, de forma intensa, e arrebatadora, da primeira à última palavra!...
    Adorei! Beijinhos!
    Bom fim de semana!
    Ana

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  6. Sua poesia, deixa espaços, o que a torna rica! A literatura em suas várias formas, pode ser comparada à psicanálise em alguns momentos. Através dos poemas no caso, aprendemos a ouvir silêncios, a desvendar entrelinhas, a perceber os não-ditos. Quem os escreve nos ensina não somente a ampliar nossos pensamentos, como sentimentos!
    Parabéns Ana!

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