domingo, 1 de maio de 2016

O que fazes aqui?




O que fazes aqui?

Não te esperava tão cedo

e o tempo foge.

Corremos?

 

Poderia falar-te de uma mulher

que é uma viúva negra

bem casada com os passos que se dão.

Aceleramos nas retas

e nas curvas andamos sem travão.

 

Afinal anda tudo bem

mesmo a circular em contramão.

 

Ninguém se afasta.

Apenas sai do trilho.

Encosta na berma

para obter consolo.

 

Não há paredes

a quem me possa confessar.

Sou uma pecadora.

Não há volta a dar.

 

Assim não te falo de céu

pois ando na terra.

Não te falo de boias.

Não tenho salvação.

 

O que fazes aqui?

Não tens muito por onde navegar.

Gosto do que é impar

Por isso não me olho ao espelho

Para não me ver a dobrar.

 

O que fazes aqui?

Agora que estacionaste

no meu colo,

chegaste a um beco sem saída.

2 comentários:

  1. Ana Pereira
    A repetida pergunta, será a essência da vida, o poema pretenderá que o leitor equacione. Me parece ainda, ser por aí que o mesmo conduz a gostar, como me aconteceu.

    BRASIL: O SORRISO DE DEUS.
    Capitania de São Vicente
    Se comentar, agradeço o post agadeço.
    http://amornaguerra.blogspot.pt/

    Abraços

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  2. Sempre um prazer enorme ler-te, Ana!...
    Belo, arrebatador e desconcertante poema!
    Adorei!!!! Beijinhos! Bom fim de semana!
    Ana

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