segunda-feira, 28 de março de 2016

Será que estás por aí?




Será que estás por aí?

 

A vida útil propaga-se

No prazo de validade.

Amortizamos o que é importante.

Muitos depreciam.

Entre a desvalorização e a utilização,

fica a distancia do abismo.

 

Será que estás por aí?

O amor é de cobre, sabias?

Cobre o que não vês

e vês apenas o que queres.

 

É tangível.

Imóvel.

Cobre o corpo de tudo.

Acorda o sonho

e dormes como uma pedra.

Talha-te.

 

Morremos.

A proximidade morde

a carne,

o gesto,

a palava.

 

Somos sepulturas abertas,

cheias de palavras escritas

na lápide.

 

Ficamos sempre com metade.

Metade do desconhecido.

Metade do gesto.

Metade da palavra.

Metade do silêncio.

 

Será que estás por aí?

Quero tudo

 com todas as metades.

Ou será que não sou digna de ti?
 

4 comentários:

  1. Claro que estou por aqui?...
    Impossível não vir apreciar estes fabulosos poemas... onde o talento, não se fica pela metade... é total!
    Beijos!
    Ana

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