sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Quando os sonhos morrem




Dedicado ao poeta António Silva Melo

 

 Talvez não saibas,

mas as ruas estão desertas.

Mantenho a luz aberta

no meu corpo doente.

A cama está desfeita.

Sinto a carne insatisfeita.

 

Ela fica estendida na cama

em brancos silêncios,

sem promessas de bocas abertas.

 

Quando os sonhos morrem,

deito-me homem

e ergo-me fantasma.

 

A minha vida é esta:

uma longa parada de vultos.

Tenho fome no fundo das entranhas,

mas não sei matá-la.

Tenho-a num gemido

dentro de mim.

 

Bordo-me de luzes acesas.

É a mão que ultrapassa

a noite.

 

Talvez ninguém conheça

a essência dos poemas,

que me percorre dos pés à cabeça:

a tua existência.

 

Hoje,

as palavras do corpo

são poemas ocultos

que te deixo

quando os sonhos morrem.

8 comentários:

  1. Uma belíssima homenagem, intensa e tocante... tal como é a essência da própria poesia...
    Gostei muito!
    Beijinhos! Feliz 2016!
    Ana

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  2. Olá! Como vai? Hoje é aniversário do ALFABETIZANDO COM AMOR. Conto com sua visita. Beijo no coração. ♥
    http://profaadrianadezerto.blogspot.com.br/

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  3. Continua a escrever. Adoro a forma como escreves! Beijinhos e bom ano!

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  4. belo poema.
    cumprimentos!

    votos de BOM ANO

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