Não há claridade
que apague o obscuro
das pessoas
e das coisas.
Dizes, então,
que trago a luz do desejo
no olhar.
Por isso,
não me sinto cá.
E eu digo-te
que o verão
fica à esquerda do meu peito.
Leva-me, então,
por essa estação.
Não me sinto cá.
Há um solo dominado
por cardos,
roupa por todos os lados,
que é preciso lavrar.
E é nessa jornada,
quando o sol está a pique,
que me sinto
corar.
Não me sinto cá.
O solo tem no reverso
o passado
com cicatrizes e
segredos.
Entre a saliva
e o toque,
agarra-me pelos ombros
e murmura-me,
longe dos olhares alheios,
o que é indiscreto.
Não me sinto cá.
A certeza abandona-me.
Os teus dedos esgueiram-se
para lados incertos.
Enquanto a incerteza dura,
ardo na fogueira
e crepito como uma castanha.
Magusto-me.
Já não me sinto cá.
Muito belo! Talvez alguém lhe peço como o poeta: "diz-me a que distância deixaste o coração"...
ResponderEliminarUma boa semana.
Beijos.
ResponderEliminarPara que sintas,
Cá, lá, aqui.
No abrigo dum olhar.
A saliva que te toca;
Os dedos que te lavram;
Para quê murmurar?
Os gemidos,
Os gritos,
Um magusto de paixões
Sem nunca querer acordar.
Com um ramo de :-) (sorrisos)