sábado, 4 de junho de 2016

Contra todos os riscos



Foto: Stefan Gesell

Está tudo fora.
Eu envidraçada.
 
Não há aves no céu.
Estão presas do outro lado
da janela.
Roubei-lhes a melodia
e aprisionei-as
nos ouvidos.
 
Embalei-me nas notas
e compassos.
Esqueci a fome.
 
Fiz ponto de embraiagem.
Fugi de mim.
Não é possível
suportar a minha alma gémea.
 
Procurei o ponto de incisão.
Cheguei ao ponto de saturação.
Cortei os veios.
Nada fiz para reter o interior.
É o que conta.
 
Lubrifiquei o caminho.
O destino é o lugar
onde o medo não cabe.
 
 
(Re)nasci no desejo
das horas mortas.
 
Agora,
guarda para ti o que viste
aqui.
É uma loucura.
São memórias arriscadas.
 
Por isso,
segura-te
contra todos os riscos.

7 comentários:

  1. Ana...
    E da tua alma brotam palavras melodiosas...
    Por vezes é preciso fugirmos de nós mesmo...

    Bjo e continuação de um bom fim de semana

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  2. "Contra todos os riscos" molda-se na voz uma fuga permanente...
    Um belo poema.
    Beijo.

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  3. "O destino é o lugar onde o medo não cabe."

    Um poema muito inspirado e grande reflexão.
    Gostei muito.
    Beijinho.

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  4. Às vezes perguntava-me: a alma gémea está em nós ou é o outro?...
    E se é o outro, será o outro em nós?
    Tu já o descobriste...
    Um beijo

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  5. Renascer... para viver de novo... às vezes, é preciso!...
    E tornamo-nos mais fortes... à prova de qualquer risco...
    Belíssimo poema! Leve e contudo, profundo...
    Beijinhos! bom fim de semana!
    Ana

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  6. O renascimento para uma nova vida onde a alma tem nova oportunidade. Parabéns pela criação poética.

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