domingo, 7 de fevereiro de 2016

O susto da escuridão



Foto: Katia Chausheva


As árvores acariciam

as nuvens.

A luz negra

dos olhos das aves

vela-me.

Arranco os fluídos

Das paredes.

 

Estou dentro do espelho

e durmo no berço

da voz.

Não há motivos

para te vidrares

em mim.

 

Bate ao vidro.

Ele está trancado

com um laço.

Irás desfazê-lo?

 

Cruzo as pernas.

Espero.

Vejo-te.

Aguardas ver

o que ocultam as folhas

de cetim.

 

Bebes um copo

de água

da fonte cruzada

entre os lábios e a língua.

 

O gesto

faz-te vir

para o meu corpo.

Desvendas por dentro

o que há

no convento.

 

Agora já não encontro

dentro dos olhos

o susto da escuridão.

5 comentários:

  1. Ana, gostei do poema bela sua singeleza e de muito suave interpretação. Bem conduzido pois.
    Abraços

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  2. Depois da leitura, um desejo:
    Tenha um bom Carnaval!
    Divirta-se!

    Beijinhos ddesde aqui.

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  3. Mais um poema de leitura apaixonante... que adorei!
    Beijinhos! Bom feriado de Carnaval!
    Ana

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