domingo, 12 de julho de 2015

Escrevo-te


Foto: MR Jagad
 
Vou deitar

o corpo quente

e cobri-lo com as folhas pautadas

de insónia.

 

Palavras luxuriantes povoam a mente

e fecundam os sentidos

despertos.

Amanhecem as fraquezas carnais.

Não me vês, é certo.

 

Em biombos (in)discretos

a luz coada está retida.

Cai a noite na cidade.

O sonho levanta-se.

 

Cosi os meus lábios

com linhas impressas de desejo

para andar pelos telhados

e espreitar-te.

 

Desnuda-me invisível.

 

Abandono a linguagem

para te falar de mãos

que te envolvem o corpo

feito pó,

num abraço.

 

Sem consoantes,

deixo as vogais penduradas

na periferia

do teu ser adormecido.

 

Agarro-me às pedras mudas

que condensam

o grito nascente.

São os versos de água-de-rosas

que te dou a beber.

 

Adormeço em ti.

2 comentários:

  1. Ana, o ESCREVO-TE, é um bonito poema, cuja sensualidade o embeleza suavemente, mostrando a beleza da construção.
    Abraços

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  2. Ainda vais cair dos telhados...
    Sem brincar, o poema é magnífico, gostei imenso.
    Ana, tem um bom fim de semana.
    Beijinhos.

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