sábado, 13 de junho de 2015

Pecado celestial


 

Hoje quiseste-me

nua,

nítida,

presente.

Poso para ti

num quadro

de fantasia.

 

Escondidos atrás

de cortinas de gestos,

trazemos o desejo pelo corpo

colado nos lábios

cosidos ponto a ponto

e rematados com o G.   

 

A janela está fechada

mas a fechadura está aberta

para a chave que será

submersa.

 

Agarras a nudez

até à fraqueza.

Escorre a espuma quente

na pele submissa.

 

Fico com as pernas boquiabertas,

rompes-me,

afogando-te.

 

Atas o meu rosto nas tuas mãos.

Bebes da boca o delírio.

Ateias o fogo

no gritar.

Nenhuma luxúria ficará

por inventar.

 

A Alma abate-se viva

e a rosa excitada floresce

coberta de suor e santidade. 

 

Na noite profana

seremos absolvidos 

do Pecado Original.

De astros ateados,

vestidos de estrelas

chegaremos ao paraíso

com este pecado celestial.

1 comentário:

  1. Creio que será a primeira vez, que aqui comento, Ana Pereira, mas analisei um excelente poema, alindado com um bonito tom sensual, que considero muito bem doseado, a lindar mais a poética das palavras.
    Abraços

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