domingo, 7 de junho de 2015

Odisseia


                                         

 Foto: Andrey Sherstiuk
 
 
 
Sou um rio sem margens

que nasceu da ondulação

do vento.

 

A Terra é redonda

e a água escorre.

Embarca nesta aventura

e vamos partir nesta odisseia.

Para nós será a primeira.

 

Sente o sopro da palavra.

Avia-te em terra:

deixa as roupas distraídas

caírem no chão.

Traça a rota do corpo.

Desperta as ondas

do rio.

 

Entre a adaga

e a espuma

deixa o corpo submisso

e segue a corrente

que te acaricia a pele

e te perfura até ao osso.

 

Na iminência de naufrágio,

andamos à bolina.

Abrem-se as comportas.

Nesta odisseia

há o presságio de nos perdermos

num mar de sussurros flutuantes.

É o canto das sereias

que te querem como amante.

 

Nada temas!

Haverá sempre um novo porto:

a foz onde o pecado

naufraga

com a ereta adaga

afundada no ventre.

 

Mais rápido ou mais lento

basta perdermos o norte

com a rosa dos ventos.

 

Assim cumpriremos o Fado:

daremos à costa

com o Sol dentro de nós.

1 comentário:

  1. "Sou um rio sem margens

    que nasceu da ondulação

    do vento."

    Se tentam me comprimir escapulo ou morro.

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