sábado, 16 de maio de 2015

Jogo noturno

 
Foto: Alenushka Sestrichkina
 
 
A cama fica de vigília.

A roupa é cadente.

A pele submissa

ao toque.

O corpo é fluído.

As mãos são virgens.

 

A noite é profana.

É dela que imana

o grito surdo

no poço sem fundo.

 

Os beijos silenciados

ficam perdidos nos

recantos do corpo.

 

Só poderão ser palpáveis

na cama acesa,

lábios de rosa,

colhidos por ti.

 

Infiltra-te na terra.

Incendeia a sombra.

Assim orvalhará na primavera.

 

Amanhã

este poema irá invadir-te

e verás que

nada é o que parece.

Apenas um jogo (poético) noturno.

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