quinta-feira, 27 de junho de 2013

O beijo poético


Inclino-me sobre a folha fria.

As mãos estão trémulas

e a caneta não se atreve a beijar o papel.

Não lhe ouço nenhuma emoção.

Reclino-me na cadeira.

Sinto um lume preso

enquanto as horas dormem lentas.

 

Fecho os olhos.

Sinto uma presença forte ao pé de mim,

de um amor ausente e que me faz sentir um calor

que me desperta de repente.

Há uma voz que me seduz

e se ergue num canto que preenche

a noite vazia.

Amanhece.

O orvalho cai de manha

beija as flores docemente.

Dispo-me na manha de verão.

Surgem as colinas suaves no horizonte

onde te encostas e molhas as tuas mãos

Nas conchas banhadas pelo mar.

Acolhes-me entre a brisa e o Sol.

Repeles a sombra.

Derramas a luz que me cega e me faz tropeçar

nos teus lábios, astros de fogo.

 

É nesse momento de reencontro,

que a caneta beija o papel.

Já não é uma folha em branco.

5 comentários: