segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rosa de sangue


Pela janela Maria viu que a noite não tinha estrelas.

Mas na solidão dos ponteiros do relógio

Ouvia o tique-taque.

Mas lá no fundo da escuridão

Mergulhou a ténue solidão.

O relógio parou.

Viu à luz ténue do nevoeiro o teu rosto iluminado.

Correu para ti pois pensava que serias o seu amado.

Procurou no teus olhos

O brilho que queria que fosse o seu.

Serias a sua existência.

A sua alma e o seu corpo seriam teus.

Na ousadia se revelaram os corpos envolvidos pelo desejo e mistério.

Aspiraste o seu desejo com toques delicados.

Mas com espinhos acariciaste o corpo que dizias amar.

Fragmentaste a sua alma

E deixaste-a a esvair-se no sangue

 Que um dia te fez pulsar.

E num amor tão louco que destruiu o jardim de rosas

Caiu a alma que se deixou amar

Pelas trevas criadas por si.

Amanheceu....

Maria volta a olhar pela janela

E o nevoeiro dissipou.

O relógio volta a contar o tempo.

A noite voltou a ter luar.

Partiste....

A noite permanece escura numa ténue solidão

Que se quebra docemente

Com um beijo de despedida eterno.

1 comentário:

  1. Mas que amor atribulado...
    Magnífico poema, gostei imenso querida amiga.
    Beijo.

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