sábado, 10 de agosto de 2013

Ainda não é tarde


O corpo cansado dorme na cama.

Ninguém me chama.

Não tenho chão.

Não sei se voltas.

Não tenho as algemas soltas (de ti).

Sinto os arrepios da tua ausência.

A espada do Silêncio trespassa-me.

Não escuto os teus passos.

 

Na noite oca e vazia,

num gesto subtil, sinto os dedos da Poesia.

Amo-te assim, com a alma do avesso

enquanto te escrevo

e aguardo o teu regresso.

Arranco o grito do peito.

O meu coração cabe na mão, perfeito.

Dou asas à minha alma.

O corpo não tem limites.

Mostro o peito que revela o Amor bordado

que na minha gaveta tenho guardado.

 

Existes mas não estás.

És a ilusão acordada para mim.

Sombria, escondo-me debaixo das pestanas.

Pouso-as caladamente.

Vens a abraças-me devagar.

Os lábios falam a linguagem

que a palavra desconhece.

Afinal, ainda não é tarde para nós. 

1 comentário:

  1. me gusto mucho este poema, y me gusta mucho los fados y una de las cantantes favoritas Dulce pontes

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