Foto: Arkhipov
Quando te esqueço,
construo muralhas à volta
do coração
e corto os pulsos
para não ter o tempo
agarrado a mim.
Quando te esqueço,
a escuridão agita a imaginação.
Assim caminho nua
nas ruas
onde não estás.
Quando te esqueço
envolvo-me em silêncio
e visto-me de afastamento.
Enxugo dos meus olhos
a cor.
Quando te esqueço,
deito-me na tua cama.
Voo nas margens do corpo.
O gemido sombrio
prende-me às paredes
do chão.
Quando te esqueço,
flutuo.
Sou uma doce intoxicação.
Imutável como o mar.
Quando te esqueço
preciso que libertes
da prisão
o meu sorriso.