Foto: Bezheviy
Quando desejamos,
estamos mortos por algo.
Ficamos no lugar
do morto.
Vamos para a cama
e levamos o silêncio
magoado nos lábios.
Permite-nos estar direitos,
horizontais
com a ilusão dentro de nós.
De mansinho,
damos a mão,
o pulso,
a língua.
As partes não chegam.
Damos o corpo
às palavras engasgadas
na garganta.
Brincamos na cama
para atingirmos o ponto
insaciável com elas,
sem proteção.
Respiramos o vazio
entre o teto
e o chão.
Quando nasce o dia,
permanecemos acamados,
comprometidos com a saliva
que ficou na almofada,
enquanto dormíamos.