Foto: Antonio Diaz
Os poemas são portas abertas,
dizem,
e por isso não as poderia fechar.
Acabei por me entalar.
Dei o meu corpo
ao ofício
e até me cegaram os olhos
de dor.
Fiquei fechada cá fora.
Algo se passava do lado de dentro,
debaixo do céu.
Sentei-me,
num canto qualquer
à sombra
da luz.
Cobri o rosto com as mãos
e fechei os olhos
à realidade e abri os olhos para
a alucinação.
Ficou o odor
das rotinas,
do que existe
para além da fronteira
do meu corpo.
Ouvi histórias
inventadas
em negros traços orais,
sussurrados em noites brancas.
Não conheço o sabor
das palavras salivadas
no céu da boca.
Nunca as disse.
O toque trouxe a suavidade
do pó consolidado
do esqueleto que
me agarra o rosto.
Disseram-me para escrever
nas paredes
pois são lisas e duras.
Posso gravar o que quiser.
Basta ir para a sepultura.
Vela, agora, as minhas últimas palavras
caligrafadas,
que te deixo
como herança.
Estou fechada cá dentro,
fora de ti.
Um poema algo desconcertante, mas muito bom. Porque o resultado é quase sempre bom quando o poeta surpreende o leitor.
ResponderEliminarOs meus aplausos por mais um excelente poema.
Tenha uma boa semana, querida amiga Ana.
Abraço.
Os poemas são portas abertas nas quais nos podemos
ResponderEliminarentalar (conforme a ventania que nos atinja), e podem ser
também labirintos onde se torna difícil encontrar saída.
Ou planícies de liberdade onde espraiamos o olhar
com delicadeza.
Belo poema, Ana! Onde parece morar um certo desencanto.
xx
fora de tí, ainda bem!
ResponderEliminarötimo!! ótimo!!!!
Belo poema...!
ResponderEliminarCheio de sabedoria...
Abraço.
belíssima a tua poesia - genuína e pura como água das nascentes...
ResponderEliminarbeijo
Boa noite!
ResponderEliminarTenho anda afastado, mas cá estou!
Achei elegante e valioso, o seu blog.
Saudações poéticas!
Muito bom o poema.
ResponderEliminarBeijo.
Hoje encontrei o seu blogue e fiquei encantada com as suas poesias.
ResponderEliminarSer poeta é escrever o que vai na alma e conseguir tocar o coração de quem lê.
Muitos parabéns.
Um abraço
Maria
.
ResponderEliminar.
. por vezes . há quem nos seja de novo o ninho entre as pedras .
.
. e abrigo.me . aqui . :) .
.
. (.grato.pela.visita.) . propulsora deste respirar .
.
.
Um poema excelente, que nos prende desde a primeira à última palavra...
ResponderEliminarUm poema, que nos agarra por dentro... Adorei!!!
Gosto imenso da forma como escreves... directa... crua... mas apaixonante!
Beijinhos
Ana
As palavras.. em poesia ou prosa, são sempre uma porta aberta.... onde a alam se liberta.. LINDO poema.
ResponderEliminarBoa tarde estao muito bonitos os textos muito bem escrito..
ResponderEliminarConvido a passar no meu blog sentidoemocional.wordpress.com