segunda-feira, 16 de novembro de 2015

O Parto


 
Foto: Luís Carvalhido
 
 
Vou dar versos à luz

Que trago implantados em mim.

É um embrião

Que adormeceu no escuro

do meu ventre

e está aí escondido.

 

Possui-me não me possuindo

Quando o rio vai escorrendo

pelas pernas.

 

É um rio

sem margens

que desagua na Terra,

corpo de vidro.

 

Sinto-me sem chão

quando flutuo

E dá-se a prova da gravidade.

 

Caíram lagrimas do céu.

As pedras ficaram molhadas.

Não farei chorar as pedras da calçada.

 

Não escrevo por linhas tortas.

Não é o meu lema.

Escrevo torto sem linhas.

Não sou Deus.

Crio o poema.

 

Coloco-me em angulo morto.

O corpo partiu-se

Em pedaços de nada.

 

Pequenos brilhos

Existem quando

o sol espreita.

 

Agora não percas tempo.

Olha pelo espaço.

É lá que eu estou.

12 comentários:

  1. Adorei o teu poema, Ana!
    Por vezes, é quando morremos por dentro... que se cria a força em nós, para nascermos de novo...
    Beijinhos! Boa semana!
    Ana

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  2. Existem partos muito difíceis, mas é deles que todos nascemos e continuaremos a nascer.
    Belíssimo poema, Ana!
    xx

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  3. lindo poema...
    ótima semana pra ti!!
    ;)

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  4. Temos sempre o brilho da poesia que define o que nos vai na alma, no coração do entendimento, como fica demonstrado.
    Abraço

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  5. A vida é cheia de partos complicados... de cacos estilhaçados... depois.. resta apanhar os cacos e seguir até outro parto... Lino poema !! Bom dia.

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  6. A vida é cheia de partos complicados... de cacos estilhaçados... depois.. resta apanhar os cacos e seguir até outro parto... Lino poema !! Bom dia.

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  7. Sentirás então que exalo a fragrância no braseiro dos mais insanos prazeres onde escorrem o teu fulgor o teu prazer todas as delicias resgatando o teu fulgor

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