domingo, 6 de novembro de 2016

Grito de morte


 



Sou um cadáver frio.

Tenho muitas peles guardadas

no armário.



Alimento-me das

coisas do corpo

e o coração está morto.

Apenas lateja a saliva.

Parece que ainda estou viva.



As palavras ensanguentadas

jorram dos pulsos cortados

com o punhal de vento.

Tenho os dentes

chumbados

com os desejos inconscientes.

Estarão eles

 mais perto do céu.



Debaixo da pele

existo dentro

do gesto.



Quando cai a noite

no quarto,

há uma flor

que arde

e um perfume que

condensa o orgasmo

num só grito



Morrer devia ser assim.
Ser tudo. Por agora.

Apenas um grito

de morte.

4 comentários:

  1. O coração insiste em que estás morta,
    mas o corpo,
    o corpo sente-te viva,
    estás molhada...
    estremeces,
    no orgasmo em que acordas!
    Um beijo

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  2. As palavras como um orgasmo a sós...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  3. Belíssimo poema, Ana! Muito bem escrito. Gosto de poemas intensos, que transbordam os desejos mais fortes da nossa alma. Beijos.

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  4. Ola,
    Belo poema.
    Intenso e forte.
    Aqui nada esta morto
    nem mesmo o grito final.
    Beijos

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