Foto: Kemal Kamil
Talvez não saibas,
mas onde me deito
não há tempo.
De raiz sou feita de pedra.
Calço saltos altos.
Rendo o meu corpo
para os teus enleios.
Penteio os pesadelos
Que trago.
Pinto os lábios de cor
rosa amargo.
Toco as sombras,
Rastejando.
Os fantasmas andam na rua.
O céu por cima
de mim flutua.
Estou para morrer.
Algo me aperta a garanta.
Sufoco atrás de cortinas
de Palavras.
O que corre nas veias
desagua no suspiro
da voz.
Despe-me
antes de ser corpo.
Desconheço os seus refúgios
secretos.
Caem estrelas
pois quando não há sono,
renasço em ti.
O poema virgem,
nos lábios alheios,
sombra livre
da alma.