Foto: Paolo Lazzarotti
Frio,
trago-te no bolso.
As pernas não me levam
a lugar algum.
O cloreto de sódio
armazeno-o nos olhos,
se o quiseres analisar.
Num movimento suicida,
leva-me para a cama
para me roubares
as roupas, o gesto, o toque.
Guarda tudo no cofre da cama.
No oceano da boca,
fica submerso o beijo
que morre na língua.
Há a cadência líquida que escapa.
Enterra-te bem
nas entranhas carnais,
depois de me autopsiares.
É o segundo certo
em que te guardas em mim.