Foto: Morfi Jang & Iwona Aleksandrowicz
Fizeste de mim
Palavra
e por isso,
quiseste-me nua
para me vestir de insónia
e sentir.
Enquanto o dia
dormia,
levei o meu corpo
desnudo
à luz do teu auscultar.
Levava o ventre inquieto
e a boca com fome.
Enlouqueceste-me,
quando soube que
não tinha cura,
com o peito nas tuas mãos.
Fitei-te com as cicatrizes
nos olhos
e viste uma beleza
que não há.
Perturbaste-me
com o teu toque
e mergulhamos bem fundo
no inconsciente
da mente.
Libertamos o nosso fogo.
O chão ficou em cinza.
A minha voz
ecoou no silêncio
da tua boca.
Respiraste o meu grito,
quando me mataste.
Agora habito as tuas palavras
todos os dias,
pois uma noite não chega.